sábado, 20 de novembro de 2010

Lendas: Jimi Hendrix (1942-1970)



Algumas pessoas precisam de muito pouco para se tornarem geniais, lendárias, indispensáveis. Jimi Hendrix foi uma delas. Ele não é chamado de o maior guitarrista de todos os tempos à toa. Há um motivo bem claro para tal façanha: ele ousou. E muito. De uma maneira que muitos, na época e até mesmo nos dias de hoje, não teriam coragem de ousar. O menino de raízes indígenas, que conviveu muito cedo com tragédias pessoais (como o divórcio dos pais e a morte da mãe, quando ele era apenas um adolescente de 16 anos), aos cinco viu seu mundo mudar quando ganhou de presente sua primeria guitarra. Estavam abertas ali as portas do éden musical para Hendrix.

Influenciado de forma maciça por gigantes do blues como B. B. King, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Albert King e Elmore James e continuando o legado de guitarristas de Rhythm and Blues e Soul como Curtis Mayfield e Steve Cropper (isso, é claro, sem deixar de lado sua paixão pelo jazz moderno), Hendrix revolucionou o gênero e mudou definitivamente a forma de se apresentar para o público portando uma guitarra. O jovem que queria fazer com seu instrumento "o que Little Richard fez com sua voz", fugia do convencional sempre que era viável. Seus amplificadores eram sempre distorcidos, crus, escolhidos a dedo por valorizar os agudos e os riffs que tanto admirava. Além disso, popularizou o pedal Wah-wah no rock n' roll, que lhe permitia dar um timbre exagerado em seus solos, levando a plateia ao delírio.

O canhoto de estilo único, que deu a tão indesejada microfonia um sentido artístico, conseguia transformar sua guitarra - a preferida era sempre uma Fender Stratocaster - em qualquer coisa que desejasse: de uma metralhadora furiosa ao grito desesperado de uma mulher. Esse era o diferencial de Jimi. Sucessos não faltaram ao longo da curta carreira, dentre eles destaco aqui entre os meus preferidos, Hey Joe, All Along the Watchtower, Voodoo Child, Foxy Lady e a apocalíptica (interpretação exclusivamente minha) Purple Haze.   

Apesar de suas apresentações antológicas no Festival de Woodstock (em 1969) e na Ilha de Wight, no ano seguinte, a grande apoteose de Hendrix foi mesmo no Festival Monterey Pop (em 1967), com a presença ilustre, na plateia, de celebridades como Mick Jagger, Pete Townsend e Eric Clapton, entre outras feras. O ponto máximo do show - quando o artista põe fogo a sua própria guitarra, numa espécie de simbolismo às vítimas de guerras passadas nos EUA - até hoje é considerado por críticos conceituados como um dos maiores marcos da história da música no mundo. Lembro que quando assisti ao espetáculo no canal a cabo Concert Channel fiquei simplesmente estático diante da tela, pois nunca tinha visto antes algo do tipo.

Apesar da morte prematura e em circunstâncias até hoje não muito bem explicadas (o que, logo de cara, faz com que os fãs se perguntem a que nível o guitarrista teria chegado se ainda estivesse vivo!), pensar em Hendrix certamente é assunto para muitos estudos acadêmicos, matérias especiais em revistas e teses de doutorado. "Como ele conseguia fazer aquilo?", eu até hoje me pergunto. Por que nas suas mãos aquele pequeno artefato parecia tão gigantesco e simples de ser manuseado? Perguntas como essas, infelizmente ficarão sem respostas. Ainda bem que, pelo menos, seu registro musical é eterno e ainda pode conquistar gerações de admiradores ao redor do mundo!

Momentos mágicos do gênio:

Purple Haze:
Voodoo Child:
 

4 comentários:

  1. Só faltou All Along The Watchtower pro post ficar perfeito, hehehe

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  2. Adorei o estilo do seu site. Parabéns. Ganhou mais um seguidor. abs

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  3. Belo texto em homenagem ao maior guitarrista de todos os tempos!

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  4. Hendrix é mesmo lenda e é sempre bom revisitar alguns de seus trabalhos.

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