domingo, 30 de maio de 2010

Música: "I told you I was trouble: Amy Winehouse - Live in London".




Por que as pessoas geniais sempre têm uma parcela polêmica? Não é de hoje que a persona de Amy Winehouse apronta das suas quando o assunto é ser celebridade. A agressão aos fãs, o show no Rock in Rio Lisboa em que se apresentou quase sem voz, as brigas e reconciliações com seu ora marido ora ex-marido (leia-se também: companheiro de drogas) Blake Fielder Civil já se tornaram clichê quando o assunto é chamar a atenção no mundo do showbiz. E, no entanto, a srta. Amy não está nem aí para críticos, tablóides e outros bam-bam-bans da indústria fonográfica. Quando ela quer, faz mesmo. E ponto.


Que bom seria se ela pudesse fazer, entretanto, mais espetáculos como esse excelente I told you I was trouble: Amy Winehouse - Live in London". A artista, impecável, esbanja todo o seu estilo e a verve que a consagraram entre o público admirador de boas canções. De Rehab a Love is a losing game, o show é a apoteose praticamente definitiva para uma carreira que (caso a artista não abra os olhos e rápido) poderá ser mais curta do que aparenta.


Os black backing vocals impecáveis, o cenário no estilo Cotton Club, a banda com seus riffs de jazz e soul, tudo está perfeitamente conectado a serviço da diva Winehouse, que desfila talento por quase uma hora e meia de show sem deixar a peteca cair um segundo sequer.


A pedida ideal para quem quer fugir das incessantes mesmices que têm abundado o mercado musical nos últimos anos.




quinta-feira, 27 de maio de 2010

TV a cabo: "Cold Case", de Jerry Bruckheimer



Não é de hoje que eu sou fã dessa série. Como o próprio nome da produção televisiva já diz, tratam-se de casos arquivados por falta de provas durante seu processo de investigação que são retomados por conta do aparecimento de novas provas. A detetive Lilly Rush e sua equipe juntam esforços para esmiuçar os detalhes do crime que ficaram guardados por anos, por vezes décadas, devido ao ardil de seus perpetradores.


Um clima carregado de nostalgia e muita perspicácia, onde da união de talentos policiais os casos mais antigos são elucidados, numa prova de que a verdade nunca deixa de aparecer (mesmo que leve tempo).


O que mais me agrada na série é o fato de que todos os agentes parecerem ter seus próprios dilemas pessoais muito mal resolvidos, o que gera no espectador um interesse ainda maior em não querer desviar a atenção um segundo sequer da cada episódio (sempre à espera de uma retomada de impacto).


Uma boa pedida para os fãs de séries policiais.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Cinema: "Robin Hood", de Ridley Scott



É preciso muito pouco para se realizar um grande épico: um herói que alimente as esperanças de uma nação, grandes cenas de batalha (de preferência filmadas em exuberantes panorâmicas e planos-sequência), um amor que à primeira vista pareça proibido, inveja, traição e muito sangue jorrado entre uma luta e outra. Tomando como referência essa receita de sucesso instantâneo, precebe-se claramente porque o cineasta Ridley Scott tornou-se um dos maiores diretores do gênero nos últimos anos.


Robin Hood é um colírio para os olhos de qualquer amante da boa literatura e das histórias antigas. Amparado por novos estudos acadêmicos que surgiram sobre o personagem nos últimos anos, o filme é a elegância por natureza.


Num período onde poder e cobiça se misturam de uma forma acre e contraditória, o fora-de-lei (e cabe aqui um parêntese importante: a trama da película trata da fase anterior a que conhecemos, do lendário Robin e seus homens na Floresta de Sherwood, ou seja, conta a história do homem antes de se tornar o mito) serve perfeitamente de balança para administrar os desejos de uma população que carece de tudo, inclusive de necessidades as mais básicas.


Vibrante, poderoso, irretocável (à parte o fato de que certamente alguns críticos e espectadores mais intelectualizados certamente reclamarão dos efeitos especiais empregados nas cenas de batalha, que em nada comprometem a grandeza da produção), o filme arrebata corações das mais diferentes idades, reinventando uma figura lendária que jamais deixará de ser esquecida.


Pois o que seria do mundo não fossem aqueles que não se deixam subjugar por normas e critérios os mais inescrupulosos?

domingo, 16 de maio de 2010

Literatura: "Hiroshima", de John Hershey




06 de agosto de 1945, oito e quinze da manhã: um dia que os japoneses jamais esquecerão (mesmo aqueles que não sofreram o ato de barbárie mais brutal da história mundial). A Bomba de Hiroshima destruiu, além de cidades, sonhos, aventuras, esperanças, trazendo uma cicatriz que nenhuma cirurgia plástica é capaz de consertar.


Em Hiroshima, o cultuado jornalista John Hershey apresenta uma das reportagens mais espetaculares da história da mídia. Publicada originalmente para a revista The New Yorker, apresenta os testemunhos de seis sobreviventes desse dia fatídico. Apesar de memórias cruéis e detalhes inquietantes, John vai reconstruindo esse período negro de uma forma tão formidável que faz com que os leitores fiquem em dúvida se estão diante da vida real ou de um romance histórico muito bem escrito.


A dor desses sobreviventes pontua cada parágrafo do livro e dilacera a mente dos mais suscetíveis a sentir o desespero daquelas pessoas cujo único delito foi serem habitantes de um país em rixa com outra megapotência durante a Segunda Guerra Mundial.


Ideal para aquelas pessoas que vivem procurando respostas para a passividade de suas vidas e estão sempre reclamando de injustiça.


Aqui sim houve injustiça (E os responsáveis? Pagaram por isso?).



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Quadrinhos: "Jubiabá", de Spacca



Antônio Balduíno: negro, valente, baiano, boxeador, mulherengo, capoeirista, homem de fé, amante da liberdade. Um indivíduo de tantas nuances como as descritas acima só poderia repercutir numa história épica e cheia de reviravoltas.


Em Jubiabá, adaptação quadrinizada do desenhista Spacca sobre o romance de Jorge Amado, mais uma vez a editora Companhia das Letras (em seu selo voltado para a nona arte) acerta apresentando em tintas fortes a história - melhor dizer saga - de um bravo nordestino. Um homem a quem muitos tentaram lhe tirar a força,o direito ao amor e, principalmente, seu desejo de ser livre.


Mostrando uma Bahia nostálgica, sem deixar de explorar as mazelas sociais (um traço importante do trabalho do ilustrador), Jubiabá é contundente, preciso, por vezes nostálgicos por se manter fiel a obra de um dos maiores ficcionistas de nossas letras.


O álbum é entretenimento certo para gostos refinados e amantes das boas histórias em quadrinhos. Em tempos de mangás e histórias de vampiro em excesso, a revista se mostra uma alternativa bem eficaz para quem busca um conteúdo diferente do que vem sendo impresso nos últimos tempos.


Nota: tamanho foi meu fascínio ao final da leitura que estou procurando o original do autor baiano para ler. É simplesmente mágico!



sábado, 8 de maio de 2010

Música: "Thriller", de Michael Jackson



Um fenômeno de vendas até hoje não superado (e, por isso mesmo, invejado por todo artista pop).


O maior sucesso já alcançado por um artista na história da indústria fonográfica.


Em Thriller, nada é fora de tom. Michael Jackson esbanja ousadia, talento, força e perspicácia, nesse que é indiscutivelmente o seu melhor trabalho durante toda a carreira.


Após um disco que já era por si só irretocável ("Off the Wall"), muitos acreditavam ter o astro superado o inatingível. No entanto, retomando a parceria com Quincy Jones, ele silencia o mundo e nos mostra que música também pode ser chamada de obra de arte.


Pontos altos do álbum: a faixa título, Billie Jean (a minha favorita dos tempos de adolescente. Lembro que cheguei a escrever um conto na escola com o personagem), Beat it, Wanna be startin' something.


Se você tem o álbum certamente já viu também os clipes (principalmente o de "Thriller", dirigido por John Landis, e hoje parte integrante do acervo da Biblioteca do Congresso norte-americano como patrimônio cultural) e fará questão de tê-los em sua videoteca particular.


Impossível sequer imaginar que esse gênio não está mais entre nós (uma prova de que a vida também pode ser irônica!).

segunda-feira, 3 de maio de 2010

TV a cabo: "R.E.N.T - ao vivo na Broadway", de Michael John Warren



Um grupo de amigos boêmios lutando por um pouco de esperança numa América destroçada por falsos valores, pobreza a olhos vistos e uma epidemia de AIDS voraz.


Quando a sobrevivência, mais do que uma necessidade, é um desafio de proporções gigantescas.


Música, performance, um discurso panfletário sem soar pedante, gestos, atitudes, afrontas (tem de tudo: de uma simples exibir do dedo médio acusatório até a exposição direta das nádegas de um dos dançarinos/cantores) e uma melodia de cair o queixo, mesmo o dos mais céticos.


A HBO mais uma vez acerta apresentando R.E.N.T - ao vivo na Broadway, que exibe em pouco mais de duas horas o melhor da ópera rock da forma mais indefectível possível. Um espetáculo para ser devorado pelos olhos dos espectadores.


Não foi à toa que o diretor Chris Columbus - o mesmo das franquias Harry Potter e Percy Jackson - decidiu levar o espetáculo para as telas de cinema (a adaptação para a tela grande também é altamente recomendada pelo autor desse humilde blog).


Veja! Você nunca mais conseguirá enxergar a sua vida com os mesmos olhos depois que se deparar com o drama desses heróis urbanos.