segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quadrinhos: "O Chinês Americano", de Gene Luen Yang



Qual foi o jovem na face da terra que já não se perguntou a respeito de qual o seu papel na história da humanidade? É, meus caros amigos visitantes desse cínico blog! Parece uma tarefa quase impossível dissociar as palavras juventude e conflito quando estamos nessa fase, não é mesmo? Nessas horas sempre me lembro da genialidade de William Shakespeare ao criar Hamlet, o adulto juvenil, cheio de questionamentos, capaz de qualquer coisa para vingar a morte do pai. Na história a seguir, essas indefinições estão bastante presentes na vida do protagonista, senão para encucá-lo cada vez mais, para fazê-lo desistir a qualquer custo do caminho a ser traçado.

Vejamos: um rei macaco em busca de aceitação como realeza, um garoto asiático tímido lutando contra o preconceito de viver numa terra estrangeira e um primo chato que, ano após ano, vem infernizar a vida de um garoto americano cheio de conflitos existenciais. Três histórias que, na verdade, são a mesma e única história. Em O Chinês Americano, graphic Novel de Gene Luen Yang, é apresentada aos leitores uma narrativa que teria tudo para se tornar uma saga sobre redenção ou mudança de atitude. No entanto, o que se percebe é que o verdadeiro problema em xeque aqui é a questão do respeito à sua própria identidade, independente do lugar onde se viva.

Seja através de relacionamentos amorosos frustrados, seja pelo descrédito dos outros que o vêem como uma ameaça só por ser de uma etnia diferente, seja pelas verdadeiras amizades que ele consegue estragar ao longo do caminho, Jim Wang - o nosso personagem envergonhado e cheio de dilemas morais e recalques - vai se arrastando (é bem esse o termo!) por uma vida sem viço, procurando por respostas nos lugares mais difíceis e acreditando verdadeiramente que a única maneira de viver plenamente é sendo aceito pelos demais (ou seja, traindo a sua própria essência como cidadão asiático).

Contado de uma maneira simples e sem as reviravoltas fabulosas com que costumeiramente os quadrinhos mais vendidos têm se apegado para conquistar uma multidão de fãs, o quadrinista cria um mundo mágico, aproveitando-se de uma antiga lenda chinesa, recontada aos dias de hoje,  e mostrando que muitas vezes a felicidade que tanto procuramos fora de nossa rotina, na maior parte do tempo está dentro de nós.

Uma publicação singela que se tornou a primeira história em quadrinhos a ser indicada ao National Book Award, um dos maiores prêmios literários do mundo, e atingindo a categoria sublime de obras gráficas essenciais como Maus, de Art Spiegelman e Avenida Dropsie, de Will Eisner. Em poucas palavras: um "colírio" para os olhos de qualquer fã da nona arte.

 

3 comentários:

  1. Devo confessar que me deixou instigado a ler; lembro ter visto algo sobre esta obra na época do lançamento, mas não comprei... agora, se é comparada a Spiegelman e Eisner, a coisa deve ser, no mínimo, digna de nota mesmo!

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  2. Sou fã de quadrinhos, mas não tinha ouvido falar a respeito dessa ainda.

    Me pareceu algo grandioso mesmo...

    Vi que tem numa loja de HQs aqui perto. Acho que vou comprar!

    Abraços.

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  3. Tô louco pra pegar essa, Queiroz. Depois volto aqui pra comentar!

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