sábado, 11 de dezembro de 2010

Animação: "Os Simpsons", de Matt Groening



Em frente a TV, assistindo pela centésima vez (ou seria a milésima? sei lá... já perdi a conta) a um episódio dos Simpsons, paro no tempo por alguns segundos e fico me perguntando: o que seria do mundo se essas criaturas geniais não existissem? Definitivamente, Matt Groening é um dos maiores gênios da humanidade. Conseguir fazer uma série de animação se manter no ar por 21 anos - que serão comemorados no próximo dia 17 - não é uma tarefa para qualquer um. Acompanhar a vida de Homer, Marge, Bart, Liza e Meg já se transformou numa espécie de terapia para milhares de pessoas ao redor do mundo. "E por quê?", vocês me perguntarão. Simples: porque nossas vidas estão ali, descritas com exatidão, mesmo que resguardadas as diferenças culturais entre um país e outro.

A grande diferença entre Springfield (a louca terra mágica onde esses personagens habitam) e outras cidades ficcioniais famosas, como Gotham City, Metrópolis, a Sucupira de Odorico Paraguaçu na antológica novela O Bem Amado, Hogwarts e tantas outras, é que ela não se esconde muito menos se traveste de mundo surreal, fantástico, não cria realidades alternativas nem tenta ser algo diferente daquilo que vemos na vida real. Em Springfield, tudo o que vemos na rua está ali, representado sem máscaras ou fantasias: as discussões de vizinhos, o bate-papo de bar, as diferenças religiosas, os conflitos existenciais, a polícia preguiçosa, que não faz o seu trabalho direito e só está preocupada com mundanices, os imigrantes, as adversidades e moralismos de se manter um casamento, os dilemas da adolescência. Tudo sem rodeio, sem desculpas esfarrapadas.

Ao longo dessas duas décadas muita polêmica rondou a série, principalmente quando os produtores decidiram rodar episódios em que a família Simpsons visita outros países (no episódio que se passa no Rio de Janeiro, houve muita controvérsia a respeito da maneira como os criadores do programa viam o caráter da população e o way-of-life nacional: uma cidade infestada por bandidos e por pessoas se prostituindo por qualquer motivo). Isso sem contar as discussões em torno das aberturas de alguns programas, que já trouxeram temas fortes como racismo, exploração de menores, abuso de poder por parte das grandes empresas multinacionais - como apareceu, recentemente, numa abertura realizada pelo artista plástico Bansky - até o recente quiproquó envolvendo até mesmo o nome da própria empresa realizadora do projeto: a Fox Film.

Batalhas internas à parte, o grande barato de acompanhar a saga dessa família tresloucada é a facilidade com que conseguem se apropriar de fatos ocorridos na cultura pop e de notícias de grande repercussão na mídia e dar a esse material uma interpretação toda particular. De Justin Timberlake rasgando a blusa da cantora Janet Jackson na final do Super Bowl a participação corrente de personagens criados em cima de celebridades de Hollywood (que chegam, algumas vezes, a ser parte imprescindível na trama), não há limites para a coragem e a inventividade da equipe de criação, que deve passar um bom tempo fuçando as novidades que rolam no mundo real (das mais amenas às totalmente escabrosas) que sejam viáveis na ficção animada.

Em linhas gerais, assistir a série  - por mais que pareça exagerado o que eu vou dizer agora - é assistir a um pouco da sua própria vida, com todas as dificuldades e vitórias que aparecerão ao longo do percurso. Sempre me perguntam com qual membro da família eu mais me identifico e sempre digo que é o Bart, o filho rebelde, pela naturalidade com que ele faz certas coisas que eu jamais conseguiria fazer e, por outro lado, meus amigos estão sempre me dizendo que eu pareço por demais com o Homer, chefe da casa (e não somente pelo visual estético, mas também pelo lado responsável dentro de toda aquela irresponsabilidade e pelo jeito franco e espontâneo com que encara qualquer situação). E é pela facilidade de relacionamento que eu mantenho com essa família e com a animação de uma forma geral, que fica fácil expressar aqui o quanto considero a franquia uma das melhores atrações que a televisão americana ofereceu em toda a sua história.

Trailer de Os Simpsons - 3D:
Abertura (feita pelo artista plástico Bansky):
Os Simpsons no Brasil (em inglês):


       

     

4 comentários:

  1. Realmente, a série dispensa comentários. É provavelmente, a melhor coisa da TV dos últimos 20 anos. Abraço: )

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  2. A série é muito boa! O filme que ficou devendo!

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  3. Eu sou um fanático religioso pelos Simpsons , assisti todos os episódios e os revi milhares de vezes . Está na minha vida há quase 20 anos .. A pegada vai mudadndo mas continua espetacular ..
    [ ]s Vader

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  4. Vi episódios isolados (claro), mas dá muita vontade de pegar tudo e assistir desde o começo.

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