sexta-feira, 12 de março de 2010

Literatura: "Caim", de José Saramago



Uma história que nunca morrerá contada sob uma ótica inusitada (e por que não dizer?) polêmica. Saramago, em seu mais recente romance, reconstruiu a trajetória de Caim, desde o assassinato a seu irmão, Abel, até o grande dilúvio, apresentando um crítica feroz aos dogmas religiosos.

Se em A Última Tentação de Cristo, Nikos Kazantzákis oferece todo o desejo sofrido e aprisionado pela figura divina de Jesus e, com isso, mostrando um Jesus Humano e motivado não só por suas emoções, mas também por suas falhas, em Caim - retomando um tema já caro para o autor português (Vide O Evangelho segundo Jesus Cristo) - Saramago faz do protagonista testemunha de algumas das principais sagas bíblicas e transforma o livro-síntese do catolicismo numa alegoria que transita entre preconceitos e pontos de vista autorais.

Caim é leitura para poucos - principalmente se levarmos em consideração a mercantilização da fé com a qual nos deparamos em tempos de religião globalizada -, mas nem por isso desnecessária para entender uma humanidade que teima em crer em ídolos e discursos do que em seu próprio coração e convicções.

Em poucas palavras: um ensaio sobre a fé sob olhos de expressão ateu.

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