sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cinema cult: "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída...", de Ulrich Edel



Semprei que leio Sigmund Freud - e anteontem estava em casa de bobeira e acabei me deparando com dois textos antigos de sua autoria abandonados em minha mesa -, fico pensando em seu artigo "O mal-estar da civilização" e nas correlações que ele mantém (pelo menos na minha interpretação) com o mundo sórdido das drogas. Incrível como a cada década que passa, esse inimigo torna-se mais e mais devastador na vida das pessoas, transformando-nos numa sociedade de inválidos amorais e corporais.


E por que pensei eu neste tema tão nebuloso? por causa de um filme eterno na minha mente cinéfila que sempre cisma com produções específicas e atores inesquecíveis. o nome desse filme? Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída... Umas das maiores obras-primas do gênero e pioneiro em formar, principalmente em Hollywood, uma geração de diretores que primou por mostrar na tela a acidez e o torpor causado pelos entorpecentes, destruindo famílias e, acima de tudo, levando prematuramente grandes talentos da música, da arte, do audiovisual (vide o que as drogas fizeram com gênios como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, e tantos outros).


A história da jovem Christiane tinha tudo para ser datada (afinal de contas, vivemos em outra era, a da tecnologia, a do acesso à informação a um clique do mouse) e, no entanto, os dilemas e as más escolhas continuam as mesmas. Um retrato nu e cru de uma geração que se deixou abater - e continua cometendo os mesmos erros - ao acreditar em supostas "escolhas fáceis", um prazer efêmero, uma satisfação automática, instantânea. Contudo, por que sempre parece que o caminho dito mais fácil sempre é, no final das contas, mais pedregoso?


Responsável por avalancar um número incipiente de produções cinematográficas, das quais destaco aqui (aquelas que me vêm à mente) Rush, China White, Diário de um adolescente e os cultuado Kids, de Larry Clark e Trainspotting, do vencedor do Oscar Danny Boyle, Christiane F. é um divisor de águas para um período transgressor da história do cinema mundial que, apesar de não ter durado tanto quanto eu gostaria que durasse, deixou marcas profundas em minha formação. E eu sou extremamente grato por isso (leia-se: não me deixar enredar por esse vício maldito).



2 comentários:

  1. Ainda não assisti a este filme, mas sempre tive o interesse. Desses que você citou sou bem fã de Trainspotting. Já li o livro também e é muito bom.

    Abs.

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  2. Também gosto muito de Christiane F. Recomendo outro filme do diretor Edel na mesma linha: Last Exit to Brooklyn. É excelente!

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