domingo, 24 de outubro de 2010

Música: "Supernatural", de Santana



Sou fã de Carlos Santana desde que me entendo por gente (ou, mais especificamente, desde que ouvi uma fita cassete - bota tempo! - de sua apresentação no lendário Festival de Woodstock que mudou os rumos da sociedade vigente na época). Algumas pessoas tiveram a honra em vida de ouvir os riffs elétricos de Jimi Hendrix em Purple Haze, outros alucinaram com a simplicidade de David Gilmour, e houve ainda, outros, mais ecléticos, que se deslumbraram com as excentricidades de Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, aos primeiros acordes de Dazed and Confused. Eu tive Santana. E lembro exatamente do dia em que subiu ao palco do Maracanã no Rock in Rio 2, em 1991, ao lado do cantor brasileiro Djavan, para executar Oceano. Uma experiência inesquecível e única!

Na última década (refiro-me aos anos 90), depois de CDs encalhados nas prateleiras das lojas e uma carreira em crise, quando muitos a acreditavam mais do que encerrada, o guitarrista decidiu enveredar pelo mundo dos duetos, algo que o tornou alvo de grandes críticas por parte dos fãs mais clássicos que se deliciavam a cada solo de Oye Como Va, Black Magic Woman e Soul Sacrifice. Contudo, verdade seja dita, em seu primeiro trabalho dentro desse formato - o majestoso Supernatural, gravado em 1999 - ele não só se saiu extraordinariamente bem como chamou para o estúdio junto com ele vozes que fizeram do álbum uma quase obra-prima.

Alternando em 14 faixas e pegada latina, o R&B e trazendo como complemento muito bem cuidado solos arrasadores, Santana constrói um acervo de canções que ficaram pra história e são ouvidas frequentemente nas rádios (fator que nem sempre se repetiu em seus álbuns seguintes, apesar de ter permanecido no formato em parceria nos posteriores Shaman e All that I am). Trazendo convidados ilustres como a musa do Hip Hop Lauryn Hill, Rob Thomas, o bluesman Eric Clapton numa dobradinha de guitarras impecável, Eagle Eye Cherry e os grupos Maná e Dave Mathews Band, Santana ferve e exorciza seus demônios particulares em músicas que parecem, em muitos momentos, verdadeiros hinos.

Entre os destaques do álbum vale a pena salientar a faixa de abertura (Da Le) Yaleo com a participação impressionante do percussionista, o hit parade eterno Smooth, Maria Maria (feita em parceria com o Wycleaf Jean, antigo vocalista da banda Fugees e ex-parceiro de Lauryn Hill), Corazón Espinado - que chegou a ter várias regravações, dentre elas uma do cantor sertanejo nacional Leandro - e a sensacional El Farol, que traz à tona um pouco do antigo guitarrista de álbuns passados e faz lembrar (pelo menos para mim) o Santana da época em que gravou o CD Milagro.

Dividido entre o desejo dos mais nostálgicos de que volte a gravar sozinho e a alucinação dos novos fãs, conquistados nos últimos anos, que adoraram a nova faceta do artista, Carlos Santana vai trilhando seu caminho, passando por seus percalços (como qualquer outro sobrevivente do mercado fonográfico), atraindo novas plateias e, principalmente, imprimindo uma nova marca que nada mais é do que uma tendência do mercado. Parece até que somente ele está investindo em parcerias atualmente! Por que quando artistas como Lady Gaga, Beyoncé, Alicia Keys, e tantos outros (só para ficar nos mais conhecidos) investem no formato está tudo bem, mas Santana não pode? "Que me perdoem os fãs", parece dizer o artista em sua nova fase, "mas nem sempre a voz do povo é a voz de Deus".

Alguns hits do álbum:

6 comentários:

  1. Este álbum é daqueles clássicos, que bombavam na MTV - dá-lhe Smooth no top 20, heheheh. Infelizmente, o Santana que temos visto nos ultimos anos é completamente diferente daquele dos anos 70, e é outro até em comparação com Supernatural... talvez ele tenha um insight e, com sorte, se lembre do ótimo músico que sempre foi

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  2. Um excelente musico! Na minha opinião, ele soube a hora de se reinventar! Mesmo com tantas críticas negativas com a nova direção em sua carreira, acho que surgiu belas musicas e duetos memoráveis! Solo ou dueto... ele é o cara!:-)

    Muito obrigado pela sua visita lá no blog "agentefoose". Fiquei muito feliz em ver sua participação. Mas infelizmente o blog está sendo desativado. Fomos "Hackedos", e devido a vários transtorno achamos por bem desativa-lo! Mas já estamos com um novo blog. E quando tiver um tempinho, passa por lá para conhecer a nova casa! Sua presença será aguardada e bem vinda! O endereço é: http://setimaart.blogspot.com/
    Me desculpe fazer o contato por aqui, mas foi a forma que eu encontrei! Parabéns, o seu blog é muito bom e gostei muito da forma como escreve... consequentemente já estou te seguindo e estarei sempre por aqui!

    Um grande abraço...

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  3. Dei esse album de presente pra minha mae na epoca em que foi lançado e dai meio que "roubei"ele dela de tanto que eu escutava. Sem duvida um otimo trabalho de Carlos Santana, gosto de praticamente todas as musicas.

    Abs!

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  4. Este álbum é muito bom! Curioso é que Santana é um grande artista, mas precisou fazer este disco para atingir um novo público. "Smooth" é uma música que nunca vai perder a graça!!!

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  5. Nossa, faz muito tempo que não escuto Santana! Ouvia muito esse álbum com minha mãe.

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  6. realmente este álbum é uma coleção de hits!!!

    smooth marcou demais.

    qto ao santana antigo, acho que a primeira musica que ouvi foi Black Magic Woman jogando guitar hero!

    ;)

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