quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cineastas: Francis Ford Coppola



Uma das coisas que mais me atrai em cinema é a visão pessoal dos diretores (isso para os que são realmente diretores de cinema e não meros fabricantes de blockbusters, como tenho visto com mais frequência nos últimos anos). E isso Francis Ford Coppola sempre teve, desde sua estreia cinematográfica em 1963 dirigindo o curta Dementia 13, uma obra simples e aterradora, bem ao estilo dos grandes realizadores hollywoodianos que, concomitantemente, viram sucesso na terra das oportunidades. Ele sempre foi o homem dos projetos audaciosos e grandiosos e, mesmo que muitas vezes tenha esbarrado nos limites impostos pelo regime castrador das produtoras, tendo de abortar muitos de seus projetos mais queridos, ainda assim ele imprimiu uma marca única na história do cinema. E não à toa fez de sua obra-prima em duas partes uma lenda na premiação do Oscar.

Francis Ford Coppola nasceu em 7 de abril de 1939. O filho de Carmine Coppola, músico e compositor, não teve vida fácil desde pequeno (aos 9 anos de idade teve poliomielite, o que quase arruinou sua vida e tirou do público o contato com um grande gênio das câmeras). Após uma formação universitária na UCLA, ganhou a vida no começo da carreira escrevendo roteiros e produzindo películas de baixo orçamento, algumas delas de cunho erótico, ao lado do parceiro e também diretor Roger Corman, até seu primeiro contato com a câmera na década de 1960. Porém, seu sucesso consagrador só ocorreria realmente em 1972, quando do lançamento de sua obra-prima O Poderoso Chefão, adaptação para as telas do romance do escritor Mario Puzo, que contava a saga da família Corleone e sua escalada rumo ao poder. Sucesso esse que se repetiria dois anos depois na continuação, que trazia a juventude do patriarca dessa família, Don Vito Corleone. Ambos os filmes foram consagrados com o Oscar de Melhor Filme (Coppola também ganharia o prêmio de melhor diretor e roteiro pela segunda parte da saga e o de roteiro original pelo filme Patton: rebelde ou herói).

À parte o megasucesso da obra-prima gângster, o diretor sairia-se melhor produzindo para outros cineastas, dentre eles alguns velhos parceiros do tempo de faculdade, como foram as produções THX 1138 e American Graffiti (de George Lucas), Kagemusha (de Akira Kurosawa) e A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (de Tim Burton). Contudo, ainda teve fôlego - resguardados alguns problemas de produção, ego dos artistas e falta de apoio de algumas distribuidoras - para realizar o fantástico filme de espionagem A Conversação (com Gene Hackman na pele de um araponga que acaba caindo numa grave crise de consciência) e arrebatar plateias em 1979 com seu majestoso épico de guerra Apocalipse Now, baseado na clássica obra literária de Joseph Conrad, e vencedora da Palma de Ouro em Cannes. Um produção, entretanto, que foi pautada por todos os tipos de excessos, como o enfarte de Martin Sheen durante as filmagens e a decisão de dirigir Marlon Brando em planos fechados e escuros para ocultar sua obesidade mórbida que já dava sinais mais do que evidentes. 

No mais, Coppola oscilou entre retratos da rebeldia e da juventude perdida (como O Selvagem da Motocicleta, Jovens sem Rumo e Peggy Sue: seu passado a espera, onde trabalhou com seu sobrinho Nicolas Cage em início de carreira), a paixão por automóveis (Tucker: um homem e seu sonho), musicais mal sucedidos (o interessante Cotton Club, com majestosa performance do dançarino Gregory Hines, e o até hoje incompreendido Do Fundo do Coração, com Raul Julia e Nastassja Kinski) e uma parceria inusitada com o astro pop Michael Jackson (Capitain EO), até hoje considerada uma das produções mais caras de todos os tempos, feita para um dos parques da Disney. O sucesso de fato só bateria às portas novamente com o clássico de terror Drácula de Bram Stoker, por muitos críticos considerado o seu último filme autoral. Em 2000 ausenta-se do cenário cinematográfico para cultivar em seus vinhedos, hoje sua maior paixão.

Provavelmente os maiores interesses de Coppola na indústria do cinema atualmente sejam a filha prodígio Sofia Coppola, que vem se especializando em dramas humanos - como Encontros e Desencontros e As Virgens Suicidas - e na produtora American Zoetrope onde atualmente está envolvido na produção do filme On the Road, obra máxima da Beat Generation de autoria do escritor Jack Kerouac, a ser dirigido pelo brasileiro Walter Salles. Seus últimos dois filmes (Youth without Youth e Tetro) passaram despercebidos pelo circuito e ele ainda arrisca uma nova produção, voltando ao gênero horror em Twixt now and Sunrise, que contará com Val Kilmer e Elle Fanning no elenco. Para os mais saudosistas pode parecer pouco (e realmente é, se levarmos em consideração a grandiosidade de seus melhores projetos), mas Coppola simplesmente não se incomoda mais com isso. De alguma forma ela sabe que seu tempo áureo já passou e a única coisa que deseja é sombra e vinho fresco. "O resto", sempre dizem os gigantes da sétima arte quando estão praticamente aposentados, "é pura nostalgia".


Trechos de alguns filmes do cineasta:

Apocalipse Now:
O Poderoso Chefão:
Drácula de Bram Stoker:

domingo, 24 de outubro de 2010

Música: "Supernatural", de Santana



Sou fã de Carlos Santana desde que me entendo por gente (ou, mais especificamente, desde que ouvi uma fita cassete - bota tempo! - de sua apresentação no lendário Festival de Woodstock que mudou os rumos da sociedade vigente na época). Algumas pessoas tiveram a honra em vida de ouvir os riffs elétricos de Jimi Hendrix em Purple Haze, outros alucinaram com a simplicidade de David Gilmour, e houve ainda, outros, mais ecléticos, que se deslumbraram com as excentricidades de Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, aos primeiros acordes de Dazed and Confused. Eu tive Santana. E lembro exatamente do dia em que subiu ao palco do Maracanã no Rock in Rio 2, em 1991, ao lado do cantor brasileiro Djavan, para executar Oceano. Uma experiência inesquecível e única!

Na última década (refiro-me aos anos 90), depois de CDs encalhados nas prateleiras das lojas e uma carreira em crise, quando muitos a acreditavam mais do que encerrada, o guitarrista decidiu enveredar pelo mundo dos duetos, algo que o tornou alvo de grandes críticas por parte dos fãs mais clássicos que se deliciavam a cada solo de Oye Como Va, Black Magic Woman e Soul Sacrifice. Contudo, verdade seja dita, em seu primeiro trabalho dentro desse formato - o majestoso Supernatural, gravado em 1999 - ele não só se saiu extraordinariamente bem como chamou para o estúdio junto com ele vozes que fizeram do álbum uma quase obra-prima.

Alternando em 14 faixas e pegada latina, o R&B e trazendo como complemento muito bem cuidado solos arrasadores, Santana constrói um acervo de canções que ficaram pra história e são ouvidas frequentemente nas rádios (fator que nem sempre se repetiu em seus álbuns seguintes, apesar de ter permanecido no formato em parceria nos posteriores Shaman e All that I am). Trazendo convidados ilustres como a musa do Hip Hop Lauryn Hill, Rob Thomas, o bluesman Eric Clapton numa dobradinha de guitarras impecável, Eagle Eye Cherry e os grupos Maná e Dave Mathews Band, Santana ferve e exorciza seus demônios particulares em músicas que parecem, em muitos momentos, verdadeiros hinos.

Entre os destaques do álbum vale a pena salientar a faixa de abertura (Da Le) Yaleo com a participação impressionante do percussionista, o hit parade eterno Smooth, Maria Maria (feita em parceria com o Wycleaf Jean, antigo vocalista da banda Fugees e ex-parceiro de Lauryn Hill), Corazón Espinado - que chegou a ter várias regravações, dentre elas uma do cantor sertanejo nacional Leandro - e a sensacional El Farol, que traz à tona um pouco do antigo guitarrista de álbuns passados e faz lembrar (pelo menos para mim) o Santana da época em que gravou o CD Milagro.

Dividido entre o desejo dos mais nostálgicos de que volte a gravar sozinho e a alucinação dos novos fãs, conquistados nos últimos anos, que adoraram a nova faceta do artista, Carlos Santana vai trilhando seu caminho, passando por seus percalços (como qualquer outro sobrevivente do mercado fonográfico), atraindo novas plateias e, principalmente, imprimindo uma nova marca que nada mais é do que uma tendência do mercado. Parece até que somente ele está investindo em parcerias atualmente! Por que quando artistas como Lady Gaga, Beyoncé, Alicia Keys, e tantos outros (só para ficar nos mais conhecidos) investem no formato está tudo bem, mas Santana não pode? "Que me perdoem os fãs", parece dizer o artista em sua nova fase, "mas nem sempre a voz do povo é a voz de Deus".

Alguns hits do álbum:

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Memória: "Armação Ilimitada", de Guel Arraes



Com o fim da ditadura militar no Brasil e a redemocratização proposta pelas Diretas Já - um dos movimentos de maior mobilização da história do país até os dias de hoje -, a TV nacional busca novos valores e conceitos que destoassem da mentalidade vigente na época. O tempo da repressão e do "nada pode" dava lugar a uma necessidade de expurgar todos os males que aquela geração cruel havia exposto a sociedade. A palavra de ordem daqueles dias era reinventar-se. A postura que se procurava era a do liberalismo (muito por conta do público, em sua grande  maioria adolescente, que já acompanhava as peripécias teatrais da companhia Asdrúbal Trouxe o Trombone com seus infinitos jogos e provocações no palco.
A solução encontrada para motivar esse público jovem e ardoroso por ideias as mais alucinadas e febris (mas que tivessem o discurso daquela turma) foi uma dupla de surfistas: Kadu Moliterno e André de Biasi, famoso pelos longametragens cinematográficos Menino do Rio e Garota Dourada, que se transformaram nos heróis Juba e Lula da inesquecível série semanal Armação Ilimitada. O projeto - uma criação conjunta de Euclydes Marinho, Patrícia Travassos, Nelson Motta e Antonio Calmon - precisou de poucas semanas e uma estrutura muito simples para cativar o público que apenas desejava ver suas próprias histórias e estilo de vida nas telas.

Transitando por situações do cotidiano da sociedade brasileira como fatos e personagens regionais como o Jeca Tatu, reforma agrária, orfandade - que nada mais era que a representação dos filhos vítimas da arbitrariedade cometida contra seus pais na época do golpe e posterior exílio -, jabás nas rádios nacionais e, volta e meia, inserindo sátiras a produções hollywoodianas como 007, Rambo, Comando para Matar e filmes de Steven Spielberg (o cineasta mais visto pelo público nos cinemas na época), Armação Ilimitada trazia elementos que divergiam entre a galhofa e a irreverência com um talento nunca antes visto na teledramaturgia nacional e que eram a melhor expressão da voz e do sentimento do povo visto nas ruas.

Seja a jornalista Zelda (Andréa Beltrão), interesse romântico dos dois heróis, a melhor amiga Ronalda (Catarina Abdala), grávida de um filho extraterrestre após uma abdução, o órfão Bacana (Jonas Torres), confidente e parceiro inseparável da dupla, o neurastênico redator-chefe do jornal onde Zelda trabalhava (vivido pelo sempre genial Francisco Milani) ou mesmo a narradora, misto de VJ e radialista, Nara Gil, uma clara alusão a era do videoclipe que vigorava naqueles tempos (que desembocaria, anos mais tarde, na criação da MTV), o programa oferecia o retrato de uma geração que tentava se reconstruir, através do humor, de tantos anos de penúria e ostracismo.

Para quem não viveu o período fiquem com a certeza de terem perdido uma fase nostálgica da televisão brasileira, numa época onde o único interesse era oferecer entretenimento ao público, diferentemente dessa visão niilista de hoje, onde uma grande parcela do público espectador quer ser famoso a qualquer custo, sem o menor talento ou competência para isso (algo que já havia mencionado em post anterior em meu texto sobre a peça Os Clandestinos, de João Falcão. Procurem, caso queiram mais detalhes!). Já para quem acompanhou essa era -como eu - não esquecerá jamais desse tempo em que o simples era mais, muito mais do qualquer engodo chamado de reality alguma coisa ou uma mentira travestida de espetacular.

Abertura da série:

Episódio (com participação da atriz Christiane Torloni):
Parte 1:  
Parte 2:  
Parte 3:  

   

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Animação: "Mary e Max - uma amizade diferente", de Adam Elliot.



Mary Kindle é simples, tímida porém curiosa, filha de uma mãe opressora que quer a qualquer custo mantê-la longe de seus interesses e curiosidades, está sempre fotografando o que acha diferente e sempre à procura de novas amizades onde quer que elas estejam. Max Horowitz é conservador em excesso, recalcado, cheio de manias, sofre da síndrome de Asperger, alucinado por inventar as receitas mais curiosas e de gosto duvidoso (como o cachorro-quente de chocolate e o hambúrguer de espaguete) e totalmente avesso a grandes contatos íntimos com outras pessoas. Duas pessoas que jamais seriam imaginadas lado a lado, batendo um papo, trocando ideias e que, no entanto, graças a uma escolha aleatória nas páginas amarelas e corriqueiras correspondências, transformou-se numa amizade que foge completamente do convencional.

Mary e Max - uma amizade diferente, realizada pelo australiano Adam Elliot, é mais do que simplesmente uma animação engraçada. É praticamente uma parábola sobre o humor às avessas, reunindo no mesmo plano uma parceria que teria tudo para dar errado e, no entanto, acaba se mostrando como a solução para o problema de relacionamento de dois soltários. Se por um lado Mary não entende o mundo daquele homem excessivamente bronco e anti-social, cheio de esquisitices, que pra tudo inventa uma desculpa e que, volta e meia, deixa de enviar suas cartas, quase estragando a amizade postal por uma bobeira, por outro Max não consegue imaginar o que levaria uma menina daquela idade a querer manter uma amizade duradoura com um chato de galocha como ele. Porém, o fato é que - como bem diz a lei de newton da física - os opostos se encontram, se atraem e têm muitas histórias para contar um ao outro.

Contando com as vozes de Toni Colette, Philip Seymour Hoffman e Eric Bana no elenco, Elliot nos entrega de presente uma das produções animadas mais divertidas e corajosas dos últimos anos justamente por não se encaixar em nenhum aspecto no modelo de história que o gênero anda oferecendo aos espectadores nos últimos tempos. Não existem aqui heróis, modelos de conduta a serem seguidos, muito menos uma paixão avassaladora capaz de fazer desmoronar a vida de quem quer que seja. Pelo contrário: o que existe aqui é a busca de um entendimento, de um convívio, respeitando-se os defeitos e diferenças do próximo, mesmo quando essa tarefa parece, à primeira vista, praticamente impossível.

No final das contas o que está diante dos espectadores (que terminam apaixonados ao final da projeção) na pouco mais de uma hora e meia do filme é uma quase-crítica aos relacionamentos virtuais que permeiam nossas vidas na atual sociedade, um mundo em que as pessoas parecem estar fugindo do contato pessoal. Outro dia desses, assistindo um programa do Canal Futura, acompanhei uma entrevista com um terapeuta de renome, com vários livros publicados na praça, verdadeiro best-seller no ramo em que atua, que em determinado momento da conversa dizia: "O grande dilema da sociedade contemporânea é que, por medo de arriscar, de fazer uma tentativa de conhecer o outro, devido a tantas desilusões e decepcionantes desfechos amorosos do passado, estamos preferindo o anonimato da internet. A grande questão é saber até que ponto isso será suficiente para nós". Em Mary e Max, Elliot parece ter enxergado isso e passado a informação adiante de uma forma extremamente inteligente e sem soar agressiva, tornando o resultado aos olhos da plateia um primor.

Trailer oficial de Mary e Max - uma amizade diferente:

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Musas: Monica Bellucci



Assim que me mudei para meu atual endereço conheci um camarada, numa dessas associações esportivas de bairro, que jogava basquete - esporte do qual sempre fui um grande admirador - com uma galera que mais parecia aquele desenho dos Globe-Trotters que passava na Rede Manchete nos anos 80 (aquele em que os jogadores viravam o homem-macarrão, o homem-mola etc... Lembram? É antigo, eu sei). E ele sempre me dizia em nossos bate-papos que "ter como vizinha uma mulher bonita demais sempre é um problema, porque a imagem daquela beleza fica entranhada em sua mente pro resto da vida, não importa pra onde você se mude". Anos depois tive uma vizinha exatamente desse jeito, de nome Carolina, e até hoje me lembro dela, de seus microshorts, de seu sorriso sedutor, de suas pernas torneadas, de uma maneira que só fui me lembrar posteriormente quando vi pela primeira vez na tela a atriz italiana Monica Bellucci. A belíssima ragazza parece exatamente isso: aquela vizinha proibida que você fica olhando furtivamente, sem deixar ela perceber (vai que ela é casada!). O problema é quando simplesmente não se consegue mais parar de olhar para ela.

Bellucci na década de 80 era uma estudante de direito da Universidade de Perúgia. Enfim: uma mulher bonita - certamente já deveria ser quando jovem - que queria enfrentar o crime ou, ao menos, ajudar os menos favorecidos. Muito motivada, obviamente, pelo universo mórbido que abrangia sua escolha, abandona tudo para ingressar num carreira de modelo, aonde chegou a fazer parte do catálogo da Elite Models, uma das  agências mais prestigiadas do mercado, e trabalhou com estilistas de renome mundial como Dolce & Gabbana, além de posar para capas de revistas conceituadas como Elle e GQ, bem como na polêmica foto que fez grávida e nua para a revista Vanity Fair, que escandalizou o Vaticano que disse tratar-se de uma blasfêmia. Contudo, havia algo maior a ser conquistado por essa moça. E esse algo se chamava Hollywood.

A atriz começou até bem na fita, fazendo uma ponta como uma das amantes do Conde Drácula (vivido por Gary Oldman) no clássico de terror homônimo dirigido pelo mestre Francis Ford Coppola, em 1992. Porém, o sucesso - muito por conta de sua beleza esfuziante e arrebatadora - só começaria a despontar verdadeiramente oito anos depois quando interpretou Malèna, protagonista do drama de Giuseppe Tornatore. E desde já confesso que foi aqui o momento crucial em que me encantei por aqueles olhos penetrantes, muito similares ao da "cigana oblíqua e dissimulada" Capitu, da obra máxima de Machado de Assis. No mesmo ano faz um papel de pouca expressão no drama Sob Suspeita, de Stephen Hopkins, em que contracenaria com dois gigantes da sétima arte: os atores Gene Hackman e Morgan Freeman.

Nos três anos seguintes, já consagrada entre as mulheres mais bonitas do cinema mundial, atua em duas produções francesas: o extraordinário Pacto dos Lobos, de Christophe Gans, e o polêmico Irreversível, de Gaspar Noe, que chocou a plateia do Festival de Cannes por conta da forte cena de estupro envolvendo a sua personagem. Logo a seguir, emendou no papel da médica que faz de tudo para salvar seus pacientes em Lágrimas do Sol, do diretor Antoine Fuqua. Até a chegada do visionário projeto Matrix, dividido em três partes, da dupla Andy e Larry Wachowski, no qual interpreta a personagem Perséfone.

Após a revolução matrixiana que invadiu os cinemas, mais um papel polêmico: na pele de Maria Madalena na controversa produção bíblica A Paixão de Cristo, de Mel Gibson (e aqui uma curiosidade: no mesmo ano a atriz foi eleita, pela revista Maxim's, aos 40 anos de idade, a mulher mais bonita do mundo). De 2005 em diante sua imagem vem perdendo o fôlego por conta de suas participações em projetos medianos ou totalmente equivocados, como é o caso de Os Irmãos Grimm, projeto de Terry Gilliam, em que transforma a história da dupla criadora de contos de fadas numa aventura cheia de reveses e sem a menor noção de fidelidade literária, e na pele da prostituta Donna Quintano na comédia de ação Mandando Bala, de Michael Davis, uma das experiências mais surreais do gênero nos últimos anos. E, pra finalizar, uma apagada atuação em A vida íntima de Pippa Lee, de Rebecca Miller, esposa do astro Daniel Day-Lewis, um projeto que poderia (se melhor executado) ter rendido grandes resultados ao elenco.

Minha última experiência com um filme em que trabalhou ela praticamente não atua: trata-se de Aprendiz de Feiticeiro, de Jon Turteltaub, cujo único mérito - pelo menos para a crítica, que no geral o detestou - é mostrar que seu protagonista Nicolas Cage, está numa rota de colisão com o fracasso e precisa abrir os olhos com os projetos nos quais se envolve. Se o futuro promete a bela Monica ares mais auspiciosos, só o tempo dirá. Eu pressinto de cara que será difícil, levando-se em consideração que esse mundo cinematográfico sempre dá prazo de validade às pessoas (Bellucci não é mais nenhuma ninfeta). E no caso da atriz, pesa um agravante: não se trata de uma esplêndida artista dramática essa moça. Contudo, dificilmente os fãs negarão estar diante de uma das mulheres mais bonitas do planeta. Aquele que discordar, cá entre nós, por que está perdendo tempo lendo esse post?


 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cinema: "Wall Street - o dinheiro nunca dorme", de Oliver Stone



Quando as torres Gêmeas do World Trade Center foram atingidas pelo ataque terrorista promovido pela Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001, os EUA sofreu um nocaute muito maior do que quebrar a sua autoestima e senso de patriotismo. Tocou-se ali no ponto fraco de nossos "amigos" do Tio Sam: o bolso. Uma derrocada financeira abateu-se sobre o país e perdura até os dias atuais. Nunca foi tão difícil conseguir um emprego, pagar uma hipoteca, mater as contas em dia. E se é assim para quem está em franca atividade profissional, imagine então para quem ficou preso por oito anos cumprindo pena por venda de informação privilegiada. Esse é Gordon Gekko (Michael Douglas), o homem  que ditava as regras nos anos 80 e que agora sai da cadeia com uns poucos pertences e a certeza de que perdeu o respeito e a admiração daqueles que realmente importavam. Porém, como não tem tempo para curtir uma fossa nem desempenhar o papel do gato acuado, vencido, e as chances de sucesso dentro do jogo em que ele era um dos melhores são ínfimas atualmente, é preciso ter astúcia. Astúcia e muita paciência. Sabendo lidar com os peões que estão à sua disposição.

Em Wall Street: o dinheiro nunca dorme, Oliver Stone volta a fazer as pezes com a câmera depois de um período extenso de filmes medianos e desnecessários e apresenta em longos planos uma cidade de Nova York marcada pelo medo e a incerteza do que virá nos dias futuros. Dias esses em que Jake Moore (Shia LaBeouf), um dos novos agentes do que hoje podemos chamar de mercado financeiro globalizado, muito mais interessado em questões ambientais e fontes renováveis de energia do que apenas em royalties e contas bancárias majestosas, é uma das grandes estrelas. Diante da paixão (ou ambição, como preferir chamar) desse jovem investidor que namora a sua filha, Gordon Gekko vê as mudanças de postura que terá de assumir para conquistar a sua volta por cima. Porém, logo ali na esquina, está o verdadeiro inimigo: Breton James (Josh Brolin), o tubarão do mercado capitalista em crise, aquele que espera pacientemente as grandes tempestades acontecerem para construir o seu império. Esse é o verdadeiro alvo de Gekko que, para poder atingi-lo, terá de saber lidar (e manipular) com a juventude de Jake e as novas regras que esse mercado impôs.

Amparado pelo roteiro da dupla Allan Loeb e Stephen Schiff que, apesar de alguns falhas em determinadas defesas de opiniões e no fraco desfecho, não compromete o desenrolar da trama, Stone nos apresenta um cenário de embates extremamente ácidos como há bastante tempo não via no cinema americano, desde a filha raivosa Winnie (Carrey Mulligan) que simplesmente deletou o pai de sua vida, culpando-o pela morte do irmâo, vítima das drogas, até o mentor de Jake, Louis Zabel (pequena, mas intensa participação do ótimo ator Frank Lagella) que percebe o fim da carreira de uma forma desonrosa, engolido por homens inescrupulosos que desaprenderam rapidamente - questão de sobrevivência - conceitos como ética e justiça, Wall Street 2 passeia por um vendaval de discursos amorais e cínicos, apontando suas armas, que inicialmente parecem invisíveis, mas no fundo foram criadas com a clara intenção de ocultar as suas reais intenções.

O filme é, em poucas palavras, ardiloso, cheio de malícia ambígua, uma plena sensação de se estar andando em gelo fino a todo instante. Nada é dito às claras e verdade e mentira são como soldados que mudam de lado durante a guerra, conforme seus exércitos vão perdendo a força. Ao final da sessão, um senhor de idade levanta-se, voz da experiência, vira-se para mim e diz: "parece um jogo de pôquer que durou duas horas, consumiu todo o dinheiro das apostas, e não se tem a certeza de quem realmente ganhou". Achei a melhor definição sobre o filme até o presente momento. O que o polêmico diretor nos entrega é exatamente isso: um jogo em que descobrir quem é o vencedor ao final do confronto é tão complicado e enigmático quanto o próprio jogo em si. 

Veja o trailer do filme:
 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Literatura: "Canções do Rio", de Marcelo Moutinho



Como pode existir gente que não reconhece a música popular brasileira como uma das criações mais geniais da humanidade? Poucos são os países do mundo que conseguem ter uma diversidade musical tão vasta quanta a nossa. E isso é fruto não só de regionalismos, mas também de povos estrangeiros que aqui chegaram e contribuíram  - e muito, diga-se de passagem - para que nossos compositores estejam sempre na crista da onda quando o assunto é ritmo e melodia. Muito bem! Alguns dirão: "mas Pseudo-Autor, a nossa música anda tão mascarada, tão pobre, tão cheia de gente que não diz nada" e eu confesso logo de cara que isso é verdade. Há poucos talentos novos num universo onde gíria e marra tomou o lugar de talento e mérito, mas existem também colecionadores de boa música, revivalistas, os downloads (e aqui rendo graças aos célebres criadores do download, pais da liberdade de expressão contemporânea) e a facilidade de se ter acesso à música em qualquer lugar, sem precisarmos nos prender a rádios comerciais com seus jabás desonestos e que só corromperam e afastaram grandes nomes de nossa música das paradas de sucesso.

O grande êxito de ler Canções do Rio, livro de ensaios musicais organizado pelo escritor Marcelo Moutinho, é a possibilidade que ele nos oferece (digo nós, amantes da boa e verdadeira música nacional) de manter novo contato, reaproximarmo-nos ou finalmente conhecermos - dependendo da geração a que se pertença -a nata de nosso cancioneiro popular. Trazendo textos de intelectuais de renome como João Máximo, Sérgio Cabral, Nei Lopes, Ruy Castro, Hugo Sukman e Sílvio Essinger, a obra literária traz um vasto panorama de nossa arte musical pintada com cores alegres e muito bem definidas nas palavras apaixonadas e de credibilidade de gente que vive no meio e sabe o valor histórico que esse material possuiu para a formação da sociedade como um todo. Afinal de contas, o que seria de nós como povo não fossem as canções que embalaram nossas vidas?

Num passeio que começa pela era de ouro da nossa música, enfocando a importância do rádio não só como formador de opinião, mas principalmente como confidente e responsável por muitas das paixões da época (e até hoje), acompanha o embalo das marchinhas carnavalescas, com seus bordões inesquecíveis e suas histórias de vida lúdicas, marcadas por muito humor e irreverência, sacolejando as comunidades mais carentes no ritmo das rodas de samba e de lendas como Cartola, Zé Kéti e pilares como a Estação Primeira de Mangueira, mostrando as conversas de barzinho e encontros de apartamento que geraram o movimento da Bossa Nova, reunindo gigantes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Baden Powell e João Gilberto (isso só para ficar nos maiores) até a chegada das canções modernas, antenadas com novas tecnologias e os guetos e periferias que apresentaram vertentes como o funk, o rap e o hip-hop, Moutinho só podia mesmo ter o trabalho de juntar num volume único toda essa experiência e excelência artística.

Agradabilíssimo, inventivo, saudosista, emblemático, apaixonante: assim é a proposta de Canções do Rio, um modelo literário que certamente deve ser seguido com mais frequência por outras editoras, seja para apresentar às novas gerações um pouco de nossa história musical, seja para ficar como registro antropológico e etimologico de uma era que nunca morrerá, mesmo que algumas pessoas ligadas ao meio façam de tudo para desmistificar o poder dessa indústria junto à opinião pública. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quadrinhos: "A Morte do Super-Homem", de Mike Carlin



Quando tinha 17 anos pedi de presente de aniversário um conjunto de revistas em quadrinhos específicas e meus pais estranharam aquele desejo vindo de um adolescente que deveria estar interessado em carros, garotas e festas. Entretanto, o que eles não faziam a menor ideia - até porque não liam comic books - é que aquelas revistas em questão fariam parte de uma das maiores sagas que passariam pelas minhas mãos ao longo de toda a minha vida como leitor de gibis. Tratavam-se de um evento único na história da DC Comics! E eu nunca mais deixei de exaltar a qualidade e a importância que aquela jornada quadrinizada teve para a minha vida.

A Morte do Super-Homem, um projeto inicialmente idealizado pelo editor Mike Carlin e uma equipe de quadrinistas do gabarito de Dan Jurgens, Jerry Ordway e Karl Kessel com o propósito primeiro de alavancar as vendas do homem de aço, que andavam em baixa nos últimos anos muito por conta do sucesso de franquias da Marvel como os X-Men, foi um sucesso e, mais do que isso, um pedido antigo dos leitores que sempre desejaram saber como ficaria o mundo caso o filho de Jor-El sucumbisse ante um inimigo de proporções avassaladoras. E foi pensando nisso que a equipe criativa desenvolveu o personagem Doomsday (o Apocalipse), uma criatura diabólica e sem nenhuma compaixão, capaz de destruir a mais frágil das criaturas com apenas um estalar de dedos.

Com a chegada desse dínamo destruidor, que facilmente aniquilou toda a Liga da Justiça numa fração de segundos, Super-Homem percebe que está em suas mãos o destino da humanidade. Somente ele (assim crê a imprensa e a opinião pública) pode impedir a rota de destruição proporcionada pelo algoz do outro planeta. Porém, o que ele não faz a menor ideia é que essa missão será muito mais complicada do que imagina, pois envolverá deixar de lado valores éticos que o lado humano do super-herói sempre levou em consideração em todas as batalhas que travou.

A saga, que posteriormente renderia continuações na trilogia O Retorno do Super-Homem, apresentaria nos eventos post mortem quatro versões do herói como futuros protetores (ou não) da cidade de Metrópolis, foi um sucesso extraordinário e criou um filão dentro dos selos da DC Comics referentes a ascensão e queda de seus personagens (anos depois a editora criaria A Queda do Morcego, em que o milionário Bruce Wayne seria destruído física e emocionalmente, bem como seu alter-ego Batman pela fúria do vilão Bane). Passado o episódio de sua morte, a revista mensal do homem de aço seria zerada e um novo arco de histórias seria criado, dando um novo rumo a vida do personagem - rumo esse que seria novamente reformatado quando do lançamento da adaptação cinematográfica Superman: o retorno, dirigido por Bryan Singer.

A história chegou a render, inclusive, uma animação homônima produzida pela Warner Home Video, porém com um desenrolar da trama um pouco diferente do original (tendo em vista que no desenho o foco principal da história está na luta entre Super-Homem e Apocalipse, enquanto na versão quadrinizada há a participação de outros heróis) além de uma versão para os videogames Super Nintendo e Mega Drive. Quando foi lançada no país a Editora Abril elaborou uma edição caprichada contendo a revista oficial (versão EUA), um fac-símile em inglês publicado num jornal norte-americano que divulgou o lançamento da publicação, um volume da revista Action Comics que lançou o personagem para o mercado de quadrinhos e um pôster em formato standard.

Sem sombra de dúvidas, uma das maiores jogadas de marketing da história do mercado de Quadrinhos até hoje!

Para baixar na íntegra o volume A Morte do Super-Homem, acesse:

Trailer da animação produzida pela Warner Home Video:

sábado, 2 de outubro de 2010

Opinião crítica: Detonando (ou não) Lady Gaga ou o que anda acontecendo no mundo do showbiz?



O showbiz anda alucinado demais para o meu gosto. Já sei! Vocês dirão: "Está ficando chato e velho antes da hora". Pelo contrário: continuo gostando do bom e velho Rock n' roll, Blues, admirando bandas independentes, grupos de dança (principalmente sapateado, que é um fetiche antigo), dançarinos que conseguem realizar aquilo que nem sonhando eu tentaria e continuo feliz toda vez que um artista ousa em apresentações acústicas, unpluggeds e outros formatos que fogem do padrão que o mercado fonográfico rotulou como indispensáveis. O que me aborrece é esse clima de histeria provocado por alguns artistas da atualidade, muitos deles sem o menor talento ou feeling com o público e outros apenas alimentando o lado alienado da plateia, fazendo de suas megaturnês grandes lavagens cerebrais globalizadas. Não sei se já disse isso em outro post - provavelmente sim -, mas artista para mim só é chamado de artista quando vejo uma apresentação do dito cujo (ou cuja) ao vivo e faço o sinal de ok com a mão. Fora isso... E por que estou dizendo isso? Porque nos ultimos dias andei assistindo algumas apresentações live action da diva pop do momento, Lady Gaga, em sites de vídeo como o Vimeo e o You Tube, com destaque para seu show no Festival de Glastonboury, o "Rock in Rio" europeu. Nunca tive, até o presente momento, outro contato com a cantora que não fosse apenas vocal. Gente, o que é aquilo que meus olhos viram?

Será o que eu vi naquela pouco mais de uma hora realmente talento ou pura força de marketing misturada a excentricidades as mais variadas? Figurinos tresloucados com bolas e tecidos colantes e penteados surreais em tons de cores psicodélicas, a voz que falha concomitantemente - para sua felicidade - em momentos não cruciais da apresentação, mas que deixam os mais exigentes quando o assunto é recurso vocal decepcionados em certos momentos, o uso abusivo do corpo que eu não sei se chamo nesse contexto de sexy ou deturpado (é uma figura um tanto exótica essa moça!), as brincadeiras maliciosas com o público, a expressão exacerbada com coreografias que mais parecem tiradas de um filme clássico de ficção-científica. Aliás, esqueci de mencionar aos que reparam em detalhes e perfeccionismos, já repararam como ela vem ganhando massa muscular de forma muito rápida nos últimos clipes ao longo da carreira?

Antes que reclamem dizendo que eu estou detonando a popstar, que não se tire o mérito de Lady Gaga num aspecto: ela tem o domínio total e absoluto de seus espectadores durante toda a apresentação e os transforma em marionetes funcionando a seu bel prazer. Algo digno de nota se levarmos em consideração a crise do mercado fonográfico e a dificuldade que as gravadoras e muitos artistas estão tendo para sobreviver dignamente. Em sua vida extra-palco ainda é mais avassaladora, fazendo capas das mais importantes revistas do momento vestida nos trajes mais inusitados. Das últimas que eu eu vi a mais bizarra - ou extravagante, para os que não gostam de ouvir palavras fortes - foi uma roupa feita de carne de boi. Isso mesmo! Podem procurar no Google. Não me recordo de ter visto façanha igual na história da música pop. Além disso, recentemente associou-se a Polaroid para lançamento de novos produtos da empresa fotográfica e divulgou numa entrevista polêmica a informação de que teria Lúpus, entre outras esquisitices que fazem parte integrante do conceito de diva que ela própria criou (e que você nunca sabe se são boatos ou verdadeiros).

Fico imaginando o que virá a seguir, quando me deparo no site do jornal O Globo com a notícia de um travesti que está juntando suas economias a sabe-se lá quantos meses para fazer uma cirurgia de mudança de sexo, pois deseja ser a réplica exata da cantora. Pronto! Não falta mais nada nesse mundo Alice Dark da diva Gaga. E diziam que o Michael Jackson era esquisito. Futuros projetos? Fala-se muito que diretores consagrados em hollywood, dentre eles o midas do cinema underground contemporâneo Quentin Tarantino,  estariam interessados em filmar com a moça. Já tem gente dizendo que o Rock in Rio do ano que vem já perdeu  a graça, pois Lady Gaga não virá (ela recusou o convite feito por Roberto Medina para se apresentar no Festival que ocorrerá daqui a um ano). Em linhas gerais, Gaga está com tudo e não está prosa já que os holofotes, generosos, não param de focá-la em primeiro plano. Por isso, a diva quer mais. E tem todo o direito de pedir por isso.

Volto então à estaca zero de meu texto, dessa vez transformando-o em pergunta: "Por que o showbiz anda tão alucinado?". Simples (eu acho): porque a sociedade parece não conseguir mais tirar o pé do acelerador. Passamos tanto tempo, nos últimos anos, com pressa, correndo de tudo e de todos, presos a horários, rotinas, cotidianos, escalas, que quando estamos de folga, expressão que a cada dia mais requer a utilização de aspas, não baixamos a bola, não diminuímos o ritmo, pois é praticamente inviável. Foi como disse minha professora de estatística da faculdade certa ocasião: "Tirar o pé do acelerador pra quê se na segunda-feira tem de apertá-lo de novo com força total". Por isso Gaga é insuperável naquilo que faz. Ela representa o dia-a-dia das pessoas, a necessidade do infatigável. Será que algum dia eu consigo acompanhar esse ritmo ou já é um pouco tarde para mim?

Alguns momentos do show no Festival de Glastonboury: