sexta-feira, 30 de abril de 2010

Literatura: "Os homens que não amavam as mulheres", de Stieg Larsson



Uma das maiores revoluções da contemporaneidade em termos de romance policial.


O tipo de livro que você não conseguirá largar antes do final do último volume: sadismo, ironia, investigação, discussões políticas, um retrato do mundo globalizado sem deixar de lado um aspecto amoral sequer.


A partir de uma agonia que já perdura por mais de 4 décadas, um empresário poderoso contrata um jornalista investigativo que passa por um revés gigantesco em sua vida profissional para descobrir o paradeiro da jovem Harriet Vanger (que pode estar morta ou não). A partir daí, várias vidas marcadas por um trajetória de mentiras e desespero se cruzam fazendo da busca a história do século.


Primeiro volume da Trilogia Millenium, Os homens que não amavam as mulheres mostra todo o refinamento e a narrativa precisa do autor sueco Stieg Larsson, um gênio da palavra que, infelizmente, nos deixou (vítima de um ataque cardíaco em 2004) após entregar os originais dessa obra-prima contemporânea da criminologia.


Um mistura perfeita entre Jornalismo, mundo underground (envolvendo hackers, góticos e outras tribos) e mundo empresarial. Tudo mesclado pelo mote que é a menina dos olhos da atual geração: a chamada globalização.


Para ser lido em alguma momento da sua vida (impossível deixar passar o que está registrado nessas páginas).


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Animação: "O Fantástico Sr. Raposo", de Wes Anderson



Fugindo completamente do tradicionalismo da Disney/Pixar (que, confesso, às vezes me entendia), deparei-me com esse exemplar único em termos de desenho animado. Baseado no livro homônimo de Roald Dahl, autor de A Fantástica Fábrica de Chocolates, as aventuras do Sr. Raposo é o que foi feito de mais inovador no gênero nos últimos anos.


Wes Anderson, cineasta genial que já havia aprontado das suas em Os Excêntricos Tenembaus e A Vida Marinha de Steve Zissou, prova em seu primeiro trabalho com animação que é um talento nato.


Amparado por um elenco de primeira à frente das vozes dos personagens - George Clooney, Meryl Streep e Bill Murray são apenas alguns dos nomes envolvidos na produção -, o filme conta uma história corajosa que mostra os impasses pelo qual uma raposa passa para entender que em alguns momentos, mesmo tendo em nosso DNA um espírito livre e selvagem, devemos fazer sacrifícios em prol da família.


Uma nova forma de se fazer animação a ser seguida por outros estúdios, pois coisas boas devem sempre procriar.



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quadrinhos: "O Pequeno livro do Rock", de Hervé Bouhris



O ritmo mais alucinante da história da música contado pela mídia mais underground já criada.


O Pequeno livro do Rock, de Hervé Bouhris, é uma passeio mais do que prazeroso pela história do Rock n´roll, de 1915 a 2009, inluindo na pesquisa outras referências musicais que ajudaram o gênero a se tornar o que se tornou.


O Brasil não poderia estar de fora dessa festa e está, obviamente, muito bem representado pela Bossa Nova, Os Mutantes e a sensação internacional Cansei de ser sexy.


A revista de Bouhris, muito mais do que entretenimento, é um verdadeiro manual (por que não dizer? de pesquisa) para atuais e futuros estudiosos de música, que certamente verão no trabalho muito mais do que diversão e/ou mero fanatismo de um alucinado pelo ritmo e pela bossa roqueira.


Para ser admirado em doses homeopáticas (fazendo com que a leitura renda o máximo possível).


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Música: "Serious Hits... Live!", de Phil Collins



Um artista no ápice do seu talento: assim é Phil Collins, eterno baterista da banda Genesis. Um músico como poucos (melódico, dançante, debochado, seguro). Imagine, então, ao vivo. Imaginou? O resultado desse brainstorming automático é Serious Hits... Live! em que o cantor apresenta quinze de seus maiores sucessos.


Acompanhado de uma banda que é uma verdadeira obra-prima em termos de musicalidade, Collins esbanja todo o seu charme nas faixas Another Day in Paradise, Two Hearts, Sussudio e Easy Lover.


Uma boa pedida para quem, além de estar atrás de uma boa música, não aguenta mais tanto axé, funk e outras baboseiras que vem tocando nas rádios comerciais atualmente. O tipo de trabalho musical que você não pode deixar de ter na sua coleção particular.


P.S: vale aqui a recomendação também do álbum em versão DVD com um show antológico dentro de um carrossel com direito a mais de uma hora de extras.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cinema: "A Estrada", de John Hillcoat



Existirá um mundo no futuro se continuarmos displicentes como sociedade da maneira como estamos sendo nos últimos anos (melhor dizer, décadas)? O que sobrará de nós como seres pensantes, racionais, equilibrados, quando todas as nossas crenças caírem por terra e nossas convicções se tranformarem em mera poeira a qual pisaremos sem dó nem piedade e o único refúgio sendo a brutalidade?


A escrita de Cormac McCarthy serviu plenamente ao talento do diretor John Hillcoat e se presta de forma exuberante a responder a todos esses questionamentos (por mais desagradáveis que possam parecer à primeira vista). Não existem rótulos, fé, estereótipos, nada que salve essa realidade nua e crua, onde sobreviventes, por que não dizer? errantes, duelam da maneira mais brutal possível.


Tudo pela esperança fugaz de viver um dia a mais. Apenas um dia.


E o que são meras 24 horas?


Em A Estrada, segundos fazem toda a diferença, que dirá uma hora, um dia, uma semana. Fortemente apoiado por uma fotografia exuberante e a capacidade avassaladora do ator Viggo Mortensen de nos surpreender a cada papel bem construído, o filme insulta - descaradamente - deixando claro aos olhos dos espectadores que a esperança só existe em seus sonhos e nada mais.


Simplesmente um filme que mudará a cabeça de grande parte da humanidade. Talvez não hoje, nem amanhã, mas certamente conquistará o seu devido mérito com o passar dos anos. Pois assim são todos os grandes filmes.


Portanto, aguardemos.




segunda-feira, 12 de abril de 2010

Literatura: "Água para Elefantes", de Sara Gruen



Quando o circo é mais do que fantasia e espetáculo, nossos olhos parecem querer detalhá-lo com tintas mais vívidas, sábias e, principalmente, luxuriosas. Existe um mundo por trás do universo circense em que devemos estar atentos, pois ele se apresenta a nós de maneira tão rápida, tão abrupta, que se estivermos distraídos não seremos capazes de perceber da maneira adequada.


Em Água para Elefantes, a escritora Sara Gruen nos delinea de uma forma muito graciosa (mas sem perder o rigor da boa narrativa) um pouco de mundo misto de glamour e poder, de encantamento fundido às disputas mais acirradas.


Amor, graça, leveza, fulgor, reviravoltas e muita destreza move as páginas desse belíssimo romance que só poderia existir para abrilhantar ainda mais o já indiscutível talento desses homens e mulheres que vieram ao mundo com o claro propósito de nos fazer rir, chorar, temer, exaltar e, sem sombra de dúvidas, nos exaltar (até a última partícula de nossos corações).




quarta-feira, 7 de abril de 2010

Teatro: "Beatles num Céu de Diamantes"



Dizer que os Fab Four eram excepcionais já caiu num clichê histórico. Todo mundo - mesmo aqueles que não viveram diretamente a beatlemania - reconhecem o talento de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. como esquecer de obras-primas como Hey Jude, Yesterday, She Loves You, Sgt. Peppers, Lucy in the sky with Diamonds?


No espetáculo teatral Beatles num Céu de Diamantes toda a poética do grupo de maior sucesso da história fonográfica mundial está delineada com tintas nostálgicas. Paraíso para os mais aficcionados, uma maneira de apresentar a força de suas letras e ritmos para uma nova geração de fãs, a peça ousa, agride (no bom sentido), inflama os já exaltados corações de uma geração saudosa de um tempo que simplesmente não deveria ter terminado da forma como terminou.


Música, êxtase, dança, ritmo e ideologia: aspectos que marcaram a vida e a carreira desses quatro gênios que nunca mais sairão da cabeça e dos corações de uma legião de apaixonados.


Vida longa aos Beatles!

sábado, 3 de abril de 2010

HQ: "Blues", de Robert Crumb



Violência, niilismo, desesperança, amor, paixão, idolatria a música, nostalgia e melancolia (se tomarmos como referência o significado literal da expressão blues). Robert Crumb arrebata os fãs da nona arte com uma história forte, pungente, sem meias verdades ou tolices.


Blues é como uma facada na jugular: é ácido, direto, aponta de forma acusadora os caminhos tortuosos pelo qual um bluesman é capaz de passar ao longo de sua vida e carreira.


Terminada a leitura, a sensação de que presenciei um encontro mágico (como se estivessem misturados Martin Scorcese e Johnny Cash num mesmo copo, após um blen automático).


Se fosse um livro, certamente seria uma obra beatnik (tamanha a sua capacidade de surpreender).


Para amantes (como eu, é claro!) da nobre arte do Blues e de nomes como Howlin' Wolf, Muddy Waters, Robert Johnson e Steve Ray Vaughn.