terça-feira, 19 de abril de 2011

Opinião pública: a cultura teen e seus "ídolos".



Eu já fui adolescente não faz muito tempo e ainda assim me surpreendo com o grau de alucinação que a atual juventude desse Brasil varonil em que vivemos cultua como modelos a serem seguidos. Outro dia desses, em uma de minhas infindáveis "viagens" pelo mundo mágico do You Tube, deparei-me com o misto de celebridade com coisa nenhuma chamado Felipe Neto. Ele produz vídeos num programete feito por ele mesmo chamado Não faz sentido! em que esculhamba a torto e a direito as modinhas que andam fazendo a cabeça da atual geração. Porém, ele próprio se esquece de que também é uma modinha passageira como tantas outras. Terminados os vídeos em que ele detona a galera que cultua Fiuk, a saga Crepúsculo, Justin Bieber e outras figuras antológicas do atual show business atual, pergunto-me: o que é um ídolo para a atual cultura teen?

O próprio jargão cultura teen já é um estereótipo a ser discutido. Tenho um vizinho, muito mais cinéfilo do que eu, que defende a ideia do teen como subproduto. "Toda vez que eu vejo um filme de hollywood ou uma peça de teatro ou mesmo um programa televisivo ser divulgado como voltado para a cultura teen, eu vejo aquilo ou como enganação ou caça-níqueis", diz ele volta e meia. Infelizmente, por algum motivo eu concordo em parte com essa declaração, pois os programas teens são realmente o fim da picada. E fico chateado de ver o acúmulo desses produtos infestando o mercado de entretenimento. Da compra da Marvel pela Disney Pictures até essas bandas de Rock Colorido (Meu Deus! O que é isso, no final das contas?) com seus cabelos sem noção, vozes esganiçadas e um discurso cheio de "tipos assim e assados", o meu refúgio é ir alimentando o meu desejo de manter a nostalgia viva em meu cotidiano e me reencontro com aquilo que marcou a minha adolescência (leia-se: Blitz, Lulu Santos, Stanley Kubrick, os romances de Jorge Amado, os quadrinhos da Turma da Mônica, entre outras referências) e não reforçando esse modismo, por vezes exagerado, em outras até mesmo vulgar.

Entre as mais diferentes tribos (os Emos e clubbers e geeks e góticos e outras dinastias), acabou-se o respeito pelo gosto do próximo. A turma fã de vampiros que se maquiam e andam pelo sol na maior pinta de galãs fica num quadrado diferente da turma que curte zumbis babando pelas estradas ensolaradas que, por conseguinte, não se dá com a galera que é fã de super-heróis e seus super poderes megalomaníacos e, não bastasse isso, não bate de frente com quem é fã de Iron Maiden e outros fãs do puro Heavy Metal e... E por aí vai, numa reflexão que levaria séculos para ser entendida em sua totalidade. É cada macaco no seu galho, cada um defendendo o direito a dizer que a sua banana é melhor do que a do outro. Uma questão de status, pura e simplesmente.

A conclusão final sobre o tema é que não existe conclusão final. Lembro de uma música do sambista Bebeto que dizia que "macaco velho não bota a mão em cumbuca" e decidi seguir essa prerrogativa. Infelizmente, vivemos um tempo de intolerâncias postas à prova 24 horas por dia. Bullying, levar vantagem sobre o próximo, homofobia e racismo são esportes nacionais cultivados com muito gosto por legiões e legiões de preconceitos que chamam o seu defeito de atitude ("Eu tenho atitude, mano, e é isso que as pessoas não aceitam", ouvi outro dia um tipo desses defendendo a sua moral torpe). Quer dizer que atitude agora é esculhambar os demais e passar por cima da opinião alheia em prol de um gosto pessoal e, no mínimo, duvidoso? Então - queira Deus que não - estamos fadados a extinção.

Eu fiz de tudo para que esse texto não soasse revoltoso ou reacionário, mas não consegui. Falar dos jovens, nos últimos tempos, me deixa assim: possesso. E pensar que, no meu tempo, chamavam a geração de 80 de Geração Perdida. E isso aí é o quê, então?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cinema: "Sucker Punch - mundo surreal", de Zack Snyder.



Poucas são as vezes em que saio realmente extasiado ao final de uma sessão de cinema nos últimos tempos (e me refiro aqui exclusivamente às salas de exibição e não as minhas experiências com a sétima arte em sessões privadas de vídeo). E Sucker Punch, de Zack Snyder, conseguiu isso! Já tem gente nos blogs de cinema e nas revistas especializadas metendo o malho no diretor e na produção, mas a grande verdade é que poucos hoje em dia passam perto da estética de Snyder quando o assunto é entretenimento (exclua-se desse comentário pré-requisitos como exigência, "filme para pensar" ou revolução cinematográfica). A fórmula, que começou a ser construída em filmes como Madrugada dos mortos e 300 e chegou a seu ápice com Watchmen, segue seu caminho de exuberãncia nessa história que é uma verdadeira homenagem ao nonsense.

Snyder conseguiu fazer praticamente todos os filmes dentro de um só filme. Existem atrações (a película, em alguns momentos, lembra um fascinante parque de diversões) para todos os gostos: a questão psicológica, a sequência de guerra avassaladora, o medievalismo, o aparato high-tech, o momento sci-fi com seus andróides de última geração e, finalmente, a beleza de suas protagonistas (e aqui exalto, com mais intensidade, a beleza da atriz Abbie Cornish. Meu Deus, que mulher é aquela!), ornamentadas pelo glamour dos cabarés, das private dancers. 

Contudo, a utopia das batalhas e das exibições privé, tudo é um mero disfarce para que Babydoll (a ninfeta Emily Browning) possa lidar, com mais facilidade, com a realidade torpe do manicômio Lennox House. Encarar a verdade num mundo como esse pode ser extremamente nocivo e, muitas vezes, a única escapatória é procurar através dos subterfúgios criados pela própria mente um esconderijo que lhe permita encontrar forças para continuar lutando e seguindo em frente.

Exageradamente comparado à A Origem, de Christopher Nolan (não vejo aquilo que se passa no mundo surreal de Snyder como um sonho de construção similar à aventura do recriador da franquia Batman), Sucker Punch é um pout-pourri de referências pop as mais diversas. Seja na direção de arte impecável - que constrói cenários diabólicos com a mesma intensidade com que arrebata os mais nostálgicos ao recriar o mundo burlesque das boates de strip-tease, tudo a serviço de suas personagens, para que encontrem os cinco objetos necessários a sua fuga -, seja na trilha sonora mista de cosplays e hits do passado, capitaneada pela força da voz de uma Bjork simplesmente arrebatadora.

Terminadas as quase duas horas de projeção o que resta ao espectador é render-se a genialidade de seu criador, sem dúvida uma das melhores mentes criativas que surgiram em Hollywood nos últimos anos, mesmo quando tem de lidar com preconceitos injustos e gente invejosa que não reconhece o seu talento. Talvez o fato de não se tratar de uma adaptação de HQ ou filme de vampiro, zumbi, bruxo, anjo ou outro fenômeno blockbuster do momento e trazer como mote da história uma saga de sobrevivência onde só os que pensam encontram uma saída (e eu não tenho visto a sociedade parando para pensar em nada de importância atualmente!) tenha afastado grande parte da plateia. Afinal de contas, o óbvio e o imediatismo paira sobre o mundo de forma desagradável. Entretanto, para quem busca um algo a mais, quem está atrás de uma mensagem que realmente valha a pena, mesmo que entremeada pelos trocadilhos, metáforas e ironias do diretor, Sucker Punch é a pedida ideal.

Impossível sair da sessão (se você realmente captou o espírito do filme) sem pelo menos, pensar a respeito da sua própria vida. Isso - repetindo a crítica do parágrafo anterior - se você pertence a tribo dos que ainda pensam em pleno século XXI.


Trailer de Sucker Punch:
http://www.youtube.com/watch?v=G68fHZig9nA
 

quarta-feira, 30 de março de 2011

Literatura: "Toxina", de Robin Cook



Eu sempre tive receio desses estabelecimentos que vendem fast food. Acho essa cultura da "comida rápida" um verdadeiro veneno para o organismo de qualquer ser humano. E quando esbarro em matérias jornalísticas que denunciam as práticas degradantes desse mercado de alimentação (já acho alimentação, nesses espaços, um termo um tanto exagerado), aí então minha desconfiança atinge a estratosfera. Em Toxina, romance do escritor e médico Robin Cook vi essa realidade torpe ser multiplicada à décima potência, fazendo com que eu refletisse ainda mais sobre a real importância ou necessidade, como vocês preferirem chamar, desse tipo de opção no cardápio da população.

Na trama, um médico e sua filha vão a uma dessas redes de lanchonetes famosas dos EUA e pedem um especial da casa. A carne, malpassada, à primeira vista não chama a atenção nem perturba nenhum dos dois, que devoram o lanche com gosto. O problema começaria momentos depois quando a menina passa mal e, levada a clínica mais próxima, descobre-se que ela desenvolveu em seu organismo uma bactéria E. Coli de alto nível de mortalidade, fazendo com que o pai entre numa roleta russa diária para encontrar uma cura para a filha.

O que se vê a partir de então é uma verdadeira enciclopédia de excessos, práticas ilegais (de compra de gado doente a falta de higiene nos matadouros dos fornecedores de carne da rede de lanchonetes), abusos de autoridade (há uma horda de empresários inescrupulosos que fará de tudo para impedir o médico e pai e manter viva a sua posição de líder no mercado) e, principalmente, a conivência do próprio hospital onde trabalha, que não quer se ver envolvido na polêmica, ameaçando-o inclusive de demissão.


Toxina é, para os fãs de literatura médica, o que o filme Nação Fast Food, de Richard Linklater, é para os amantes do cinema: um verdadeiro tapa na cara dos consumidores e produtores desse tipo de comida. Através de denúncias muito bem embasadas - certamente provenientes da pesquisa pessoal de Cook  na área - num discurso literário envolvente, o autor consegue (como fez brilhantemente em vários momentos de sua carreira como ficcionista, a destacar obras como Vírus e Coma) deixar seu alerta às autoridades competentes e ao público, que precisa ficar mais atento com o que come hoje em dia.


Prova viva e irrefutável disso são os índices astronômicos envolvendo casos de obesidade ao redor do mundo desde a criação e consequente popularização desse tipo de estabelecimento (e cuja tendência é piorar, se assim o permitirmos).

quinta-feira, 24 de março de 2011

In Memoriam: Elizabeth Taylor (1932 - 2011)



Deixou-nos a diva dos olhos de violeta, a eterna Cleópatra que tanto encantou Marco Antônio (vivido pelo ator Richard Burton) a ponto de desposá-la por duas vezes. Uma vida de escândalos, atuações marcantes, casamentos frustrados (foram oito durante toda a vida), sorrisos inesquecíveis e uma silhueta de fazer inveja a muitas das sex symbols do cinema mundial que invadem as páginas das mais importantes revistas ao redor do mundo. Ela era polêmica, um verdadeiro vulcão em erupção e, muitas vezes, bastava um simples olhar matreiro para a câmera para que o espectador tivesse a clara sensação de estar diante do paraíso. E acreditem: quem nunca viu um filme dessa mulher, não sabe a falta que ela vai fazer (já está fazendo, há pelo menos três décadas) na indústria cinematográfica norte-americana.

Elizabeth Rosemund Taylor - ou simplesmente Liz Taylor - é, na opinião desse humilde e sarcástico blogueiro e agitador virtual, o maior símbolo sexual até hoje visto na história do cinema. Que me perdoem os que fazem questão de entregar o posto a Marylin Monroe ou Audrey Hepburn quando o assunto é o lugar de honra nesse pódio de beldades do cinema (e nada contra a beleza esfuziante de ambas!), mas Elizabeth foi até hoje a única diva do star system americano a conseguir me fazer acreditar que a beleza, em certas ocasiões, deve ser fundamental, como já apregoou no passado o poeta carioca Vinicius de Moraes.

Da sedutora prostituta Gloria Wandrous em Disque Butterfield 8 (e a imagem escolhida pela equipe que diagramou a capa do Segundo caderno do Jornal O Globo de hoje já fala por si só) a depressiva Martha de Quem tem medo de Virginia Woolf?, ambas interpretações vencedoras do Oscar, Elizabeth Taylor nos presenteou e, mais do que isso, nos hipnotizou com uma verve poucas vezes vista em Hollywood. Ela era capaz de encantar qualquer plateia - principalmente a masculina - sem emitir um único ruído, sem pronunciar um diálogo sequer.

A um passo da eternidade, O pecado de todos nós, A megera domada, até mesmo num personagem simples como o da sogra de Fred Flintstone (interpretado pelo ator John Goodman) na adaptação para o cinema do eterno desenho animado pré-histórico, servem como referências de uma artista que, diferentemente de algumas exigências do mainstream cinematográfico atual, não precisava ser camaleônica para conquistar o seu público, sempre assoberbado com sua beleza ou encorajado por seu engajamento em lutas as mais diversas (como a do combate à AIDS, por exemplo). Ele só precisava mesmo ser Liz Taylor para brilhar. E nada mais. Seus eternos amigos, Rock Hudson e Montgomery Clift, perceberam isso. As salas de cinema abarrotadas perceberam isso. Esse que vos fala também se rendeu a esse encanto. Encanto que, infelizmente, a partir de agora, não estará mais disponível. Resta-nos seu legado, sua obra. Vá com Deus, eterna diva!

Trailer de Disque Butterfield 8:
http://www.youtube.com/watch?v=zPfseQxUB7c

Trailer de Cleópatra:
http://www.youtube.com/watch?v=NGDyZHlHklo

Cena de Quem tem medo de Virginia Woolf?:
http://www.youtube.com/watch?v=nInE5TITzE8

quinta-feira, 17 de março de 2011

Música: "Rádio Pirata ao vivo", de RPM



A notícia - feliz, é bom que se enalteça! - de que bandas de rock que embalaram a trilha sonora da minha adolescência nos anos 1980 voltariam a estúdio para gravar álbuns inéditos caiu como uma luva para preencher a minha necessidade de retomar contato com os roqueiros tupiniquins. Nunca foi tão chato ouvir rock n' roll nacional, numa época em que imperam bandas de gosto duvidoso como Restart e NXzero. O meu deslumbramento foi tamanho com a nota divulgada no Jornal O Globo que impossível seria não relembrar do fatídico ano de 1986 e da revolução proporcionada aos fãs do gênero pelo grupo RPM. Que me perdoem os que não eram nascidos na época, mas quem não curtiu a adrenalina apresentada ao país por Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo P.A Pagni, simplesmente precisa se inteirar mais sobre o verbete rock.

Rádio Pirata ao vivo, segundo álbum da banda, gravado ao vivo no Complexo do Anhembi, em São Paulo, e com direção do cantor Ney Matogrosso, é - gostem ou não os críticos, que adoram dividir opiniões - o divisor de águas dessa metamorfose em que o ritmo se transformou. Seja pela celebridade que seu vocalista  viria a se tornar após o lançamento do álbum (e, com isso, muitos na época chegaram a cogitar que Paulo Ricardo não fosse realmente um artista, mas um mero sex symbol que seria tragado, com o tempo, pela fama), seja pelas letras fortes, ácidas, divertidas, a cara de uma geração que procurava os seus valores em um país que parecia confuso, perdido à primeira vista, Rádio Pirata foi uma alienação (mais: um revitalização) para um rock brasileiro que já bombava, com nomes como Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, entre outros. Nenhum outro disco vendeu tanto quanto ele no período (e falo de mais de 2,5 milhões de cópias vendidas em território nacional).

Como destacar minhas preferências num trabalho tão bem realizado e de repertório tão apaixonante quanto esse? Apesar de se tratarem de apenas nove faixas, o brilhantismo com que o show foi realizado é digno de nota e, dificilmente, os apreciadores do estilo ficarão desapontados com o resultado final. Indo da belíssima instrumental Naja a internacional London, London, clássico de Caetano Veloso dos tempos de exílio na capital inglesa, e passando pelos hits - imprescindíveis em qualquer turnê do grupo - Olhar 43, Alvorada Voraz e A Cruz e a Espada, o álbum reúne, em poucas palavras, o melhor desse período musical de quem esse blogueiro que vos fala guarda tantas boas recordações.

Aos acordes finais do show gravado (que ouço novamente pela centésima vez) e passadas mais de duas décadas da revolução proposta, a impressão que fica é a de que o rock regrediu - e muito. Onde foram parar aqueles herois da resistência que com uma simples guitarra e arranjos de fácil execução um dia tentaram mudar o mundo? Onde foi parar a Geração Coca-Cola que o Renato Russo tão bem cantou? Hoje, ao contrário, o que se vê é uma comercialização desenfreada da música (seja online ou nas raras lojas que ainda sobrevivem bravamente), onde criação artística e significado deram lugar a cifras astronômicas e artistas de segunda com patrimônios milionários. E este pobre coitado, escritor da internet e do Jukebox, sonha - pois sonhar ainda é gratuito - que, com o retorno desses titãs do gênero ao cenário musical de onde nunca deveriam ter se ausentado, novos ventos tragam ritmos agradáveis e ideais antigos à baila. Nossos ouvidos (acredito falar por muita gente) agradecem!


Clipe oficial do show:

London, London ao vivo:


       

sexta-feira, 11 de março de 2011

Lendas: Charles Chaplin (1889 - 1977)



Ele simplesmente parou o mundo sem proferir, na tela, uma única palavra. Charles Spencer Chaplin, o menino prodígio de Londres, fruto de um lar em frangalhos (os pais se divorciaram quando ele tinha apenas três anos de idade, motivado ora pelas crises emocionais da mãe ora pelo alcoolismo desenfreado do pai), viu sua vida mudar aos cinco anos, quando subiu ao palco pela primeira vez para cantar Jack Jones. Com a internação da mãe no asilo Cane Hill, o garoto é mandado - pela amante do pai - para a Archbishop Temples Boys School. Após seu internato por lá veio a admiração pelo music hall onde, junto com o irmão, iniciou uma carreira lendária no show business.

Sua primeira turnê se dá na trupe de Fred Karno na década de 1910 onde, entre seus intergrantes, constava o comediante Stan Laurel, da futura dupla cômica O Gordo e o Magro. Foi da atuação nesse companhia que surgiu o convite de Mack Sennett para que ele ingressasse na Keystone Film Company (onde estreia no cinema com Making a living). Na Keystone, Chaplin criou o que se tornaria um dos maiores personagens da história do cinema mundial: o vagabundo Carlitos, um andarilho pobretão das ruas que, no entanto, possui todos os requintes e elegâncias de um membro da elite inglesa. Abriam-se ali as portas para um pioneiro do que as artes cinematográficas se tornariam. 

Falar de sua filmografia seria assunto para muitas teses de doutorado ou livros comerciais, tendo em vista que Chaplin retratou, em suas películas, o melhor e o pior da Inglaterra e, em justa medida, do continente europeu. Entre suas inúmeras produções bem sucedidas - Luzes da Ribalta, O Circo, Tempos Modernos, Luzes da Cidade, O Garoto, Em busca do ouro perdido, Monsieur Verdux, O Grande ditador, fora os curtametragens antológicos do início da carreira - percebe-se a preocupação do ator, produtor, diretor, roteirista e compositor (sim, pois muitas das canções que se ouvem em seus filmes são de sua própria autoria!) de denunciar as mazelas e arbitrariedades dos poderosos, o que acabou levando a um interesse ferrenho do artista em montar sua própria produtora e manter, com isso,  o controle criativo de seus trabalhos. Algo que seria alcançado com a criação da United Artists, junto com Douglas Fairbanks e outros atores da época).

Em 1992 o diretor Richard Attenborough dirigiu Chaplin, uma cinebiografia interessantíssima sobre o mestre do cinema mudo, tendo como protagonista o genial Robert Downey Jr. numa recriação de época exuberante. Uma película que eu recomendo em gênero, número e grau para aqueles que desejam entender um pouco da mente irascível e fascinante do eterno Carlitos. Outra fonte de informações excelente é a autobiografia do próprio Chaplin, Minha Vida, trazendo relatos fortes de sua carreira e de sua vida pessoal, dentre eles a derrota nos tribunais por um caso de paternidade não-confirmada, em que o ator não pôde usar o exame de DNA como prova para se defender. 

Chaplin foi pop, reacionário, brilhante, brigão, contestador, gostava de ter a última palavra  em tudo que trabalhava (sua discussão com Marlon Brando nos sets do filme A Condessa de Hong Kong já se tornaram parte da mística contraditória que envolve a sua genialidade) e, muito por conta disso, construiu muitas inimizades dentro da indústria cinematográfica. Porém, por mais que seus detratores queiram negar, o que seria do cinema como obra de arte não fosse o toque magistral e a inquietude desse dínamo da câmera e da arte de atuar? Gostem ou não, cinema sempre será classificado em antes e depois de Charlie Chaplin.   

Trailer do filme Chaplin, de Richard Attenborough:

Cena de O Circo:

Cena de Tempos Modernos:

Frases, textos, pensamentos e poemas que traduzem a mente de Chaplin:


 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Homenagem: Selo "Dardos de Qualidade"



Enquanto procurava um tema para o próximo post do Jukebox, fui agraciado pelo blogueiro Matheus Ferraz, do blog Fräuleins sem Uniforme (http://frauleinsuniforme.blogspot.com/) com o belíssimo selo acima, o Dardos de Qualidade. Uma honraria que me deixou tão feliz - o que prova por a + b que aquilo que eu escrevo aqui possui credibilidade - que decidi fazer da ocasião um post próprio. 

Conforme as regras da premiação, devo indicar quatro blogs amigos (dentre a infinidade dos que visito) para também receber o selo. Tarefa das mais difíceis, tendo em vista a quantidade de blogs que eu visto semanalmente, até como fontes de referência (muitos não sabem, mas já saí de várias visitas a outros blogs com ideias brilhantes, verdadeiros achados históricos, que viraram grandes temas aqui no Jukebox).

Após exaustiva escolha - é impossível realizá-la sem ser injusto com alguém - elejo, entre mais de 150 blogs visitados, os citados abaixo:

1) Cine Cápsulas, de Gustavo H. Razera

2) Cinéfila por Natureza, da Kamila:

3) Cultura Intratecal:

4) Dementia 13, de Ronald Perrone:

Todos os autores listados acima serão devidamente notificados de sua premiação conforme o regulamento do prêmio. Sem mais a declarar, deixo aqui registrado o meu mais entusiasmado agradecimento. E longa vida a esse blog!